Nem toda conquista traz sentido.

Por Marcos Eduardo Marinho
Strategic Psychologist | Advisory Board Member – Harvard Business Review & Fortune AIQ


Tudo deu certo. Mas algo não encaixa.

Ele chegou. Fez tudo certo. Nome respeitado, carreira sólida, números que impressionam. Aos 52, acorda no próprio apartamento, com vista para o que todos consideram sucesso.

Mas há dias em que acordar é só isso: acordar…


A promessa de que “a alegria virá depois”

Crescemos ouvindo que a felicidade é prêmio, não condição de largada. Primeiro o esforço, depois o gozo. Um ciclo de espera emocional que se eterniza: cada meta atingida abre caminho para uma nova… igualmente cansativa.

Arthur Brooks, na Harvard Business Review, nomeou isso de falácia do sucesso antes da felicidade. O alerta é claro: perseguir metas sem sentido relacional ou pessoal pode apenas amplificar o cansaço.


O vício da esteira invisível

Décadas de pesquisa (Kahneman, Lyubomirsky, Diener) convergem: sucesso eleva o bem-estar, mas só por um tempo. Depois, voltamos ao ponto de base. É a adaptação hedônica.

A cada conquista, o cérebro recalibra o que considera “normal”. O resultado? Ganhamos, mas não avançamos. A esteira emocional continua ligada.


O custo institucional da espera

Empresas que sustentam essa lógica produzem líderes esgotados, decisões ansiosas e equipes que trabalham por uma satisfação que nunca chega. A cultura do “depois” contamina também a ética cotidiana, e a saúde organizacional.

Negligenciar isso já não é só erro humano. É erro estratégico.


E se a felicidade for pré-requisito?

Felicidade aqui não é hedonismo, nem euforia. É coerência entre o que se faz e o que se acredita. Presença. Relações que importam.

Inverter a lógica, colocar sentido antes do sucesso, não atrasa nosso desempenho. Aumenta a tração.


O que os dados mostram

Relatório global da McKinsey: mais de 80% dos consumidores priorizam saúde mental, sono e propósito.
Mercado de wellness: US$ 480 bilhões, crescendo 10% ao ano.

É mais que tendência. É virada de eixo. Organizações que não absorvem isso ficam ricas de resultado e pobres de relevância.


Sucesso como efeito colateral

Quando o trabalho é ponte, e não prisão, o sucesso vem. Mas não como obsessão. Vem como rastro de algo que já fazia sentido antes.


🎥 A grande beleza (2013)

O escritor Jep Gambardella tinha tudo: status, festas, aclamação. Faltava o essencial.
Paolo Sorrentino entrega uma lição em forma de filme: o luxo pode esconder uma vida vazia, e o vazio nem sempre faz barulho.


Última pergunta:

Você está correndo para onde, mesmo?


🎧 Playlist | Antes do Sucesso

Ouça com presença. Cada faixa carrega a tensão do tema.
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2 respostas para “O que vem depois do sucesso?”.

  1. Avatar de masternety
    masternety

    Refletindo sobre a pergunta “Você está correndo pra onde mesmo?”… Pois é, tem hora que até nos esquecemos a resposta…

    E se também nos perguntássemos… “Porque eu corro?”…

    E se corressemos pelo movimento e pelo vento no rosto que a corrida nos dá, trazendo o foco para o processo, para o caminho e não para o resultado ou ponto de chegada…

    Afinal, exite mesmo uma chegada? Acho que é aí que mora nossa angústia.

    Curtido por 1 pessoa

  2. Avatar de Marcos Eduardo Marinho

    É belo pensar no caminho e no processo, e talvez o segredo esteja mesmo no processo, de aproveitar o caminho, das belezas e sensações que a jornada nos proporciona. Podemos considerar que talvez não haja chegadas, mas, sentidos, enquanto significado e direção.

    Curtido por 1 pessoa

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