Com a serenidade que sustenta meus gestos, compartilho minha entrada, em junho, no Conselho Consultivo da Fortune AIQ — um espaço da prestigiosa Fortune, dedicado a compreender, sem euforia e sem temor, os efeitos da inteligência artificial sobre as estruturas que moldam nossas escolhas, nossas relações e nossas instituições.

A Fortune AIQ não se limita a mapear o que a IA é capaz de fazer. Seu propósito é mais sutil — e, ao mesmo tempo, mais urgente: interrogar o que estamos fazendo de nós mesmos ao delegar decisões, sentidos e ritmos a sistemas que ainda não conhecemos por inteiro.
É nesse terreno que se enraíza minha contribuição: pensar a tecnologia não como fetiche nem como ameaça, mas como um espelho que devolve, com mais nitidez, os impasses e fragilidades da condição humana.
O que permanece quando tudo acelera?
No Conselho, participo da curadoria de temas, da definição dos rumos editoriais e da escuta das questões éticas que atravessam o uso da IA em campos tão diversos quanto finanças, saúde, direito e relações de trabalho. Mais do que projetar cenários, interessa-me cultivar perguntas que nos ajudem a permanecer inteiros diante da velocidade.
O que estamos sacrificando em nome da precisão?
Que tipo de presença queremos preservar quando os vínculos se convertem em dados?

Esse convite da Fortune (Fortune Media) ecoa uma linha que venho tecendo ao longo dos anos. Uma linha que atravessa minha participação, desde 2024, na rede global da Harvard Business Review Advisory Council, no World Economic Forum — por meio da Strategic Intelligence Community — e nas plataformas ANF – As Novas Formas e Nexus Insight. Em todos esses espaços, busco preservar um compromisso: lembrar que, por trás de cada algoritmo, existe sempre uma ausência que precisa ser escutada.
É tempo de menos promessas e mais presença.
De menos respostas automáticas e mais silêncio que permita lucidez.
De recusar a ilusão de que pensar bem é o mesmo que calcular depressa.
Ao integrar este conselho, levo comigo um olhar tecido na escuta, na psicologia, nas travessias de carreira e nos territórios onde o humano insiste em não desaparecer — mesmo quando tudo ao redor parece nos convidar ao contrário.
Seguimos.

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