Podemos falar que exigir presença física não é prova de cultura. É sintoma de atraso estratégico.

Em matéria da Fortune, Orianna Rosa Royle cita Brian O’Kelley — empresário que vendeu sua empresa por US$ 1,6 bi — afirmando:

RTO é a linha divisória entre empresas sérias sobre IA e aquelas presas ao passado. Os melhores vão abandonar escritórios para aprender a trabalhar com colaboradores que não têm corpo.

Leio aqui e ali que alguns CEOs ainda celebram o retorno ao escritório como ritual de identidade. Mas, diante de provocações como a de O’Kelley, o que aparece é outra coisa: nostalgia com verniz de gestão.

O que está em jogo não é produtividade. É encenação de poder. Um gesto de comando, uma coreografia de autoridade, dirigida a clientes, conselhos e colaboradores.

Só que essa encenação pode sair cara. Restringe o acesso a talentos globais. E impede de aprender a operar com inteligências que nunca precisarão de crachá.

Há uma confusão recorrente ao tratar a IA como ferramenta de eficiência. Esse olhar subestima sua natureza. A IA não prolonga a lógica antiga. Ela inaugura outra.

Insistir em RTO é escrever num idioma que já não descreve o trabalho. O novo idioma é assíncrono, distribuído e povoado por agentes digitais.

A questão não é onde as pessoas se sentam. É se a organização está preparada para conviver com inteligências que nunca terão corpo.

Se não estiver preparada, o risco não é remoto. O risco é irrelevância.



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