Por Marcos Eduardo Marinho
Strategic Psychologist | Leadership and Foresight Advisor | HBR & Fortune AIQ Councils

A saúde mental deixou de ser pauta emergente.
Hoje, é infraestrutura invisível da sustentabilidade organizacional.
Enquanto algumas empresas ainda tratam o tema como “ação de calendário”, outras já entenderam que cuidar de gente não é um gesto — é um princípio estratégico.
Quanto mais cedo essa consciência se enraíza no sistema, maior a chance de construir organizações que não apenas performam, mas persistem com coerência em meio à exaustão e à complexidade.
O silêncio também adoece
Por décadas, naturalizou-se a lógica da sobrecarga. Ambientes que premiavam a hiperdisponibilidade e convertiam exaustão em símbolo de comprometimento. Tudo embalado por uma retórica de excelência que ignorava o custo humano.
Esse modelo rui, não por falta de evidências, mas por excesso de consequências.
Profissionais mais conscientes recusam narrativas que desconsideram o impacto emocional do trabalho.
Um estudo da McKinsey indica que mais da metade da Geração Z aceitaria ganhar menos, desde que a empresa levasse saúde mental a sério. Não como benefício lateral, mas como critério central de operação.
Esse dado não aponta tendência. Ele revela um redirecionamento de valores.
Inteligência adaptativa, não “benefício corporativo”
Saúde mental não é sinônimo de bem-estar. É inteligência adaptativa. É gestão de riscos humanos em contextos de alta pressão.
Segundo a OMS, cada dólar investido em saúde mental pode gerar até seis em produtividade, mas apenas quando o tema é tratado com a profundidade que exige.
Pilares fundamentais:
- Propósito emocional claro: O que sua organização quer transformar? Que sofrimento quer reduzir? Que cultura quer consolidar?
- Lideranças sensíveis ao não dito: Sintomas emocionais não usam crachá.
- Soluções com coerência contextual: Meditação genérica não corrige sistemas que alimentam ansiedade.
- Tecnologia como suporte, não vigilância: Bots com empatia, dados com ética.
Saúde mental não é um KPI periférico. É um critério de continuidade organizacional.
Liderar é assumir responsabilidade emocional
Não basta reconhecer o burnout. É preciso identificar onde ele nasce — e o que o legitima, nas práticas institucionais.
Remova “saúde mental” da lista de temas emergentes e posicione-a no centro da governança estratégica:
como filtro decisório, expressão cultural e alicerce de sustentabilidade humana.
Do discurso ao desenho de sistemas saudáveis
Se há desalinho entre o discurso de cuidado e a prática cotidiana, o ponto de partida é o diálogo estruturado.
Em minhas consultorias, proponho um Sprint Estratégico de 90 minutos — um espaço seguro e objetivo para mapear tensões culturais, decodificar sintomas silenciosos e acionar rotas reais de transformação.
Porque, no fim das contas, não se trata apenas de cuidar de pessoas.
Trata-se de desenhar sistemas em que ninguém precise pedir autorização para ser inteiro, no trabalho ou fora dele.
Marcos Eduardo Marinho
Strategic Psychologist | Leadership and Foresight Advisor | HBR & Fortune AIQ Councils
Member of the Strategic Intelligence Community – World Economic Forum

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