Por que mudar de carreira, é menos sobre fuga e mais sobre desenho de direção

O trabalho como território em mutação
A velha pergunta “o que você faz?” já não define ninguém. Profissões se dissolvem, funções se fundem, tecnologias substituem rotinas e a cada ruptura, uma nova travessia se impõe.
Hoje, transitar de carreira deixou de ser exceção; virou competência-núcleo. E o que antes soava como instabilidade passou a ser agilidade identitária: a capacidade de redesenhar o próprio papel em contextos incertos.
O risco, porém, é confundir transição com fuga. Desconfio que muitos mudam de cargo ou setor apenas para escapar do desconforto, não para criar sentido.
Transição não é troca de função, é tradução de propósito
Toda transição relevante começa por uma pergunta simples:
“O que, em mim, já não cabe no lugar onde estou?”
Planejar uma nova rota profissional exige menos currículo e mais consciência biográfica. Antes de definir um novo destino, é preciso compreender o padrão que o trouxe até aqui.
Estudos recentes da HBR e da McKinsey (2025) mostram que profissionais que tratam a transição como processo narrativo conectando passado, presente e futuro em uma história coerente são mais resilientes e retomam a performance em menos tempo.
Transição não é sobre trocar de empresa, é sobre redefinir a própria contribuição. Mudança eficaz é a que realinha valores, não apenas competências.
Três eixos para atravessar com clareza
- Mapeie o terreno interno antes do externo. Liste o que o move, o que o esgota e o que ainda desperta curiosidade. A bússola está menos no mercado e mais na biografia.
- Construa microprojetos de transição. Teste novas funções, formatos ou públicos em pequena escala. Cada experimento reduz o medo e aumenta a precisão da escolha.
- Redesigne seu portfólio pessoal. Substitua o currículo linear por um portfólio narrativo, mostrando competências que sobrevivem às mudanças e não apenas cargos que ficaram para trás.
O futuro profissional não pertence a quem resiste à mudança, mas a quem aprende a mudar bem.
Reflexão final
Toda transição é uma travessia simbólica: um pedaço de nós precisa ficar para que outro possa emergir. A pergunta não é “o que quero fazer agora?”, mas “que história quero continuar escrevendo?”
Reflita sobre suas próprias travas de direção. O que, hoje, ainda o impede de avançar?
Marcos Eduardo Marinho | Psychologist & Strategic Consultant Member – Harvard Business Review Advisory Council | Fortune AIQ Advisory Board | World Economic Forum – Strategic Intelligence Community

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