Nem sempre o que faz sentido à primeira vista é o que transforma a realidade. Às vezes, é o gesto “irracional”, aquele que vai além do razoável e do esperado, que realmente revela quem somos. Essa semana, compartilho uma breve reflexão sobre o valor simbólico das entregas que não se encaixam em planilhas… mas ficam na memória de quem importa.


A delicadeza de ser irracional (quando ainda faz sentido)
Por Marcos Marinho
Psychologist & Strategic Advisor | HBR & Fortune AIQ Advisory Board

Existe uma diferença fundamental entre fazer bem… e fazer com alma. Entre cumprir o esperado… e deixar uma marca.

Gosto de acompanhar as reflexões de Seth Godin, sobre trabalho e desenvovlimento pessoal, ele escreve com uma precisão quase etnográfica sobre o comportamento humano, e sobre o fazer humano ele nomeia essa fronteira entre fazer de modo consistente e razoável e algo fora do padrão:


“Unreasonable works precisely because most people aren’t driven to go all the way there.”


A verdade é que vivemos cercados pelo razoável. O profissional comprometido. O líder pontual. O especialista funcional. Tudo necessário, mas raramente memorável.

O que marca, no entanto, quase sempre vem do excesso. Um tipo de entrega que não se explica por KPIs nem se reduz a frameworks arrumadinhos. O que nos emociona carrega desmedida. Causa estranhamento. É fora da curva justamente porque foi fora do script.

Mas essa escolha, a de ser irracional, quando importa, não é romântica. É árdua. Exige desinvestir da performance e investir na presença. Abre mão do seguro. Recusa o genérico.

É como se disséssemos ao mundo, com nossos gestos:


“Aqui, não otimizo. Aqui, me envolvo.”

Porque ser irracionalmente generoso em nosso fazer não é sobre quantidade. É sobre presença.
Ser irracionalmente atento é um tipo de escuta que sabe o que não foi dito.
Ser irracionalmente fiel às próprias convicções é, talvez, o último luxo ético disponível.

Nesse terreno, onde o senso comum não opera e o algoritmo não alcança, nasce o valor que não se mede: o gesto que toca o outro. O cuidado que reverbera. A marca invisível que alguns chamam de legado.

É também aí que mora a verdadeira estratégia, aquela que não se exibe, mas se revela no detalhe.

O que você tem feito que pareceria irracional para quem prefere métricas a significados?

Se quiser, podemos seguir sobre esse assunto.


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