O meio da carreira é um ponto de inflexão. Estamos longe do início, com uma bagagem considerável de experiências e realizações, mas ainda há um horizonte significativo pela frente. Nesse momento, muitos de nós se deparam com questionamentos que, mais do que definir nossa trajetória profissional, tocam na questão de quem somos e no impacto que desejamos ter.

Recentemente, um artigo da Harvard Business Review trouxe à tona seis perguntas fundamentais para quem se encontra nesse estágio. Escrito por Rebecca Knight, o artigo aborda como as pressões, as realizações e as decepções da meia-idade podem ser um terreno fértil para o crescimento pessoal e profissional. Knight sugere que este é um momento não apenas de introspecção, mas de “curadoria” da próxima fase da vida, um conceito que pode representar uma abertura em um mundo de escolhas infinitas e demandas conflitantes.

Além das Conquistas: O Valor da Contribuição

Knight destaca que o início da vida é marcado pela acumulação: de experiências, conexões e itens que compõem o currículo. Já o meio da carreira convida ao “editar”, um processo de discernimento sobre o que realmente importa. Chip Conley, fundador da Modern Elder Academy, resume bem essa fase ao afirmar que o objetivo agora é focar no essencial e deixar para trás o supérfluo. Esse “editing” pode parecer um desafio, especialmente em meio às responsabilidades do trabalho e da vida pessoal, mas Conley defende que essa reavaliação é essencial para uma trajetória mais significativa.

Reavaliando o Sucesso: As Perguntas que nos Movem

Uma das questões centrais apresentadas por Knight é: “O que vou me arrepender de não ter feito ou aprendido nos próximos 10 anos?” Conley sugere que o arrependimento, longe de ser um sentimento negativo, pode servir como um guia poderoso. Imaginar o futuro e considerar o que poderia ter sido é um exercício que nos permite ajustar o curso agora, tomando decisões que priorizam o longo prazo em vez da gratificação imediata. Essa abordagem subverte a noção tradicional de sucesso, que frequentemente se concentra em conquistas tangíveis, e propõe uma visão mais integrada entre vida pessoal e profissional.

Outra pergunta provocativa é: “Como posso acessar meu propósito?” Knight aponta que, no início da carreira, muitos de nós são moldados por pressões externas, sejam familiares, sociais ou culturais.

Na meia-idade, há uma oportunidade rara de reavaliar esses caminhos e focar no que realmente ressoa com nossas aspirações mais íntimas.

Conley e outros especialistas citados no artigo incentivam a identificar atividades que já trouxeram satisfação no passado e considerar como essas podem ser reintegradas na vida presente, criando uma ponte entre o que somos e o que poderíamos ser.

Explorando o Legado Pessoal

Knight também nos convida a refletir sobre as habilidades e o conhecimento acumulado ao longo da carreira e como eles podem ser colocados a serviço de algo maior. Esse tipo de reflexão é crucial para quem está em busca de um sentido mais profundo no trabalho, indo além da mera função ocupacional.

Outra questão importante é: “O que eu quero que meus dias pareçam?” Em vez de visões grandiosas sobre o futuro, Knight sugere focar nos detalhes do cotidiano: como passamos nosso tempo, com quem interagimos e o que fazemos além do trabalho. Essa perspectiva nos ajuda a ajustar nossas ambições de modo a estarem em sintonia com as realidades práticas e emocionais da vida.

Caminhos a Escolher e Renúncias a Fazer

Finalmente, o artigo toca em um ponto que muitos evitam: os trade-offs inevitáveis que fazemos. Knight e Ebony Joyce, fundadora da Next Level Career Services, enfatizam que é preciso reconhecer que nossas escolhas foram moldadas pelas prioridades do momento, e que essas prioridades mudam.

A capacidade de ajustar os sacrifícios que estamos dispostos a fazer — e aqueles que não mais aceitamos — é fundamental para alinhar nossa vida atual com o que realmente importa.

E Agora?

O meio da carreira é um convite para ir além do automático e assumir um papel mais ativo em nossa jornada. Ao responder a essas perguntas, somos levados a repensar não apenas o que fazemos, mas como queremos viver. Para quem está nessa fase, o artigo da HBR é um lembrete poderoso de que o meio da carreira não é o fim, mas um ponto estratégico para redesenhar o futuro com clareza e propósito.


P.S:

Modern Elder Academy é uma instituição pioneira em oferecer um espaço dedicado ao desenvolvimento pessoal e profissional para indivíduos que estão na fase intermediária ou mais avançada da vida. Ela foca no conceito de “editar” a vida e focar no que realmente importa, transformando a experiência acumulada em liderança e contribuição.

Next Level Career Services é uma empresa de consultoria e coaching de carreira especializada em ajudar profissionais, especialmente aqueles em nível intermediário de suas carreiras, a navegar transições profissionais, desenvolver habilidades de liderança e alcançar seus objetivos de carreira.


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