
Foto de Hoàng Vũ: https://www.pexels.com/pt-br/foto/31079275/
Fomos treinados para detectar o que se move. É assim que sobrevivemos, e também é assim que nos distraímos.
O que vibra nos prende e captura nosso olhar. O que permanece, escapa.
No regime da urgência em que estamos enfiados. Algoritmos, alertas, microtensões, tudo nos mantém em estado de prontidão. Mas estar alerta não é o mesmo que estar presente.
Estamos atentos de fato, ou apenas hiper vigilantes?
O silêncio das estruturas estáveis
O tempo valoriza o novo, o veloz, o que gira. Mas há sabedoria em notar o que permanece, mesmo quando parece imóvel.
Daniel Kahneman descreveu os dois modos de pensar (rápido e o devagar). O desafio da liderança é transitar entre eles: decidir com precisão num mundo que exige velocidade, mas que só amadurece com pausa.
O que não muda tende a parecer irrelevante. Mas é justamente o que sustenta o que muda.
As maiores inflexões que acontecem no mundo da vida, raramente anunciam sua chegada. Elas se escondem em territórios que deixamos de ver, justamente porque estão ali, sempre.
A escolha entre reagir ou reparar
Se quiser ser notado, mova-se, faça barulho, assim diz a cartilha das redes sociais. Mas talvez o que importa não esteja se movendo. E por isso, seja ignorado.
Liderar não é apenas responder ao novo. É ter sensibilidade para reparar o que ficou tempo demais fora do campo de visão.
Notar o que não se move é um ato de ruptura. É aí que começa a mudança que não se expressa.
Liderança como escuta do que persiste
Os líderes que fazem diferença não são os que se antecipam ao futuro, mas os que interrogam o presente que já se acomodou.
Por aqui, é isso que busco. De certo modo, captar os sinais que o ruído encobre, interrogar o que se estabilizou a ponto de deixar de ser visto.
Pausar como estratégia
Reagir é instinto. Reparar é escolha. Escolha uma estrutura estável ao seu redor e pergunte: o que ela vem escondendo pela própria solidez e estabilidade que transmite?
Essa talvez seja a pergunta mais estratégica a ser feita. A que transforma pausa em potência, permitindo refletir sobre o que está estável a ponto de ser naturalizado aos nossos olhos.

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