O valor do que não se move

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Por Marcos Eduardo Marinho

Fomos treinados para detectar o que se move. É assim que sobrevivemos, e também é assim que nos distraímos.

O que vibra nos prende e captura nosso olhar. O que permanece, escapa.

No regime da urgência em que estamos enfiados. Algoritmos, alertas, microtensões, tudo nos mantém em estado de prontidão. Mas estar alerta não é o mesmo que estar presente.

Estamos atentos de fato, ou apenas hiper vigilantes?


O silêncio das estruturas estáveis

O tempo valoriza o novo, o veloz, o que gira. Mas há sabedoria em notar o que permanece, mesmo quando parece imóvel.

Daniel Kahneman descreveu os dois modos de pensar (rápido e o devagar). O desafio da liderança é transitar entre eles: decidir com precisão num mundo que exige velocidade, mas que só amadurece com pausa.

O que não muda tende a parecer irrelevante. Mas é justamente o que sustenta o que muda.

As maiores inflexões que acontecem no mundo da vida, raramente anunciam sua chegada. Elas se escondem em territórios que deixamos de ver, justamente porque estão ali, sempre.


A escolha entre reagir ou reparar

Se quiser ser notado, mova-se, faça barulho, assim diz a cartilha das redes sociais. Mas talvez o que importa não esteja se movendo. E por isso, seja ignorado.

Liderar não é apenas responder ao novo. É ter sensibilidade para reparar o que ficou tempo demais fora do campo de visão.

Notar o que não se move é um ato de ruptura. É aí que começa a mudança que não se expressa.


Liderança como escuta do que persiste

Os líderes que fazem diferença não são os que se antecipam ao futuro, mas os que interrogam o presente que já se acomodou.

Por aqui, é isso que busco. De certo modo, captar os sinais que o ruído encobre, interrogar o que se estabilizou a ponto de deixar de ser visto.


Pausar como estratégia

Reagir é instinto. Reparar é escolha. Escolha uma estrutura estável ao seu redor e pergunte: o que ela vem escondendo pela própria solidez e estabilidade que transmite?

Essa talvez seja a pergunta mais estratégica a ser feita. A que transforma pausa em potência, permitindo refletir sobre o que está estável a ponto de ser naturalizado aos nossos olhos.



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Este espaço nasce do encontro entre pensamento e presença.
Aqui, investigo como as transformações do nosso tempo atravessam o trabalho, a liderança e a própria forma de existir.
Minha prática une escuta, método e imaginação para transformar complexidade em clareza e decisões em sentido.

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