A decisão que não se toma sozinho

Quando escolher exige rever o próprio mapa interno

Quando decidir é, na verdade, um ritual de transição

Às vezes, o que mais paralisa uma decisão não é a complexidade do cenário — mas o que ela revela sobre nós.

Porque há escolhas que exigem não apenas uma direção… mas uma despedida.

O dilema, muitas vezes, não está entre o certo e o errado — mas entre o que ainda serve e o que já deixou de fazer sentido.
Entre quem fomos até aqui… e quem ainda hesitamos em nos tornar.


A cartografia oculta das decisões

Desde 2021, quando aprofundei meus estudos em Psicologia Financeira pela University of Chicago, minha escuta clínica e estratégica se fundiram num ponto decisivo: decisões não são apenas eventos cognitivos. São marcos emocionais.

Ao trabalhar com lideranças, conselhos e profissionais em transição, percebo um padrão silencioso: muitas vezes, a pessoa não está paralisada por falta de informações — mas por fidelidade a uma identidade que já não lhe serve.

Em outras palavras: escolher exige, antes de tudo, coragem para reescrever a própria narrativa.


O risco do autoengano sofisticado

No HBR, alguns autores tem debatido com frequência os efeitos do que chamamos de “self-deception under pressure”: decisões tomadas com racionalizações bem construídas, mas emocionalmente desalinhadas.

No recente artigo da Harvard Business Review intitulado In Uncertain Times, Ask These Questions Before You Make a Decision”, Cheryl Strauss Einhorn propõe um filtro simples, mas profundamente estratégico:

“Qual decisão de hoje ainda fará sentido daqui a um ano?”

Essa pergunta exige mais do que projeção. Ela pede integridade. Convida à construção de critérios internos — ao que chamo de estrutura ética de decisão.


A prática clínica aplicada à decisão

Ao longo da minha trajetória, desenvolvi uma pequena bússola que compartilho com meus mentorados, líderes e conselheiros:

Três perguntas que podem reposicionar qualquer escolha difícil:

  1. Essa decisão honra quem você se tornou — ou apenas quem você costumava ser?
  2. Qual parte sua está resistindo a essa mudança? Por quê?
  3. Quem você está tentando proteger ao adiar o inevitável?

Decidir, em última instância, é uma forma de parar de se esconder.
E de reconhecer que nem sempre decidimos sozinhos — há partes nossas que precisam ser ouvidas, acolhidas, integradas.


Conclusão: decisões como expressão de integridade emocional

Em tempos de excesso de dados e escassez de discernimento, decidir tornou-se uma competência emocional, não apenas cognitiva.

E talvez o maior gesto de liderança interior seja este:


Escolher com verdade — mesmo quando o caminho mais fácil parecer o da permanência.


📬 Para refletir, compartilhar ou conversar

Se este artigo dialoga com algum momento seu — ou de sua equipe —, escreva-me.
Tenho atendido cada vez mais líderes em transição, conselhos em redefinição estratégica e profissionais buscando coerência interna em meio a contextos ambíguos.

Você pode compartilhar esta reflexão com quem, como você, atua em espaços de escolha e transformação.

Estou disponível para conversas estratégicas com quem deseja decidir com mais profundidade — e menos ruído.



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Este espaço nasce do encontro entre pensamento e presença.
Aqui, investigo como as transformações do nosso tempo atravessam o trabalho, a liderança e a própria forma de existir.
Minha prática une escuta, método e imaginação para transformar complexidade em clareza e decisões em sentido.

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